16 de dezembro de 2016

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No sistema de produção de bovino de corte o manejo sanitário dos animais é extremamente importante, impedindo que enfermidades apareçam e se disseminem.

O ato da vacinação é uma prática simples, mas requer alguns cuidados e certo conhecimento para a correta aplicação, evitando prejuízos aos produtores e danos aos animais.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece para algumas doenças um calendário nacional, como é o caso da Febre Aftosa, buscando períodos mais adequados para aplicação em cada estado brasileiro. Em outras situações existem calendários estipulados pelas secretarias estaduais de agricultura, nas unidades da federação ou faz-se necessário uma vacinação periódica ou ainda, a partir de determinada idade do bovino, como por exemplo, a vacinação contra a Raiva.

As vacinas são muito eficientes para a prevenção e controle de determinadas doenças, pois são constituídas por antígenos de várias categorias e estimulam o organismo contra determinada infecção. Dessa forma, devem sempre ser adquiridas em lojas registradas ou revendedores confiáveis e, na quantidade compatível ao número de animais a serem vacinados, sempre exigindo a nota fiscal. Além disso, devem conter em seus rótulos o número de partida, data de fabricação e prazo de validade.

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Figura 1: Local da compra da vacina e nota fiscal. Fonte: MAPA

Alguns fatores devem ser observados para que a eficiência de imunização pelas vacinas não seja prejudicada e, estão diretamente relacionadas com o transporte, conservação, manuseio e execução da vacinação. As instalações também influenciam no manejo da vacinação, pois devem apresentar condições seguras e um bom estado sanitário e estrutural, para uma perfeita contenção dos animais durante a aplicação da vacina.

Algumas vacinas merecem atenção especial, como as vivas, contra a brucelose e a tristeza parasitária dos bovinos (TPB). No caso da brucelose, o antígeno (vacina) é liofilizado, em um frasco-ampola, acompanhado de uma ampola com o diluente. O vacinador deverá, com uma seringa e agulha, remover o diluente da ampola e injetá-lo no frasco contendo o antígeno liofilizado. Após isto, homogeneizar bem, com movimentos suaves. Só então deverá encher a seringa de vacinação e aplicar, na dose de 2 ml, por via subcutânea. O manuseio do produto deve ser criterioso, em virtude do risco de contaminação do vacinador.

Os animais devem estar calmos e menos estressados possíveis para a realização da vacinação. Caso contrário, podem ser causados alguns prejuízos ao produtor e ao animal, como abortos, traumatismos e estresse desnecessário, além de prejudicar uma boa resposta imunológica à vacinação. Os animais não devem permanecer por um período muito longo presos e, após a vacinação, deve ser disponibilizado acesso à água e ao alimento.

Os equipamentos e instrumentos de vacinação, seringas e agulhas, devem estar limpos e com boa assepsia, além disso, devem ser fervidos sempre antes das aplicações, sendo proibido o uso de desinfetantes para esterilização. A dose e as vias de aplicação em cada animal deve ser aquela indicada no rótulo ou na bula da vacina escolhida. Uma dosagem menor do que a indicada pelo fabricante não proporcionará proteção desejada.

Deve-se fazer um rigoroso controle do acondicionamento das vacinas, mantendo-as em geladeira na temperatura entre 2 e 8ºC ou em caixas térmicas contendo duas partes de gelo para uma de vacina. A conservação adequada das vacinas é fundamental, pois tanto o congelamento quanto o calor anulam a eficiência do produto. A seringa utilizada na vacinação deve ser mantida dentro da caixa térmica mesmo nos pequenos intervalos entre as aplicações para não haver contaminação.

As agulhas utilizadas devem ser de tamanho adequado, limpas e mantidas em bom estado de conservação, além disso, devem ser trocadas a cada lote de 10 animais vacinados, substituindo por outra limpa e em bom estado. Caso as agulhas apresentem desgastes ou estejam tortas devem ser descartadas, caso contrário necessitam ser lavadas e desinfetadas e podem ser reutilizadas se o fabricante permitir. Utilize somente uma agulha para retirar a vacina do frasco, que deve ser agitado todas as vezes que a seringa for reabastecida, minimizando assim a contaminação do seu conteúdo. Observe o calibre da seringa, se muito grosso pode provocar refluxo de vacina e reduzir a quantidade aplicada.

Nunca aplicar produtos com frascos abertos com sobras de produtos ou vencidos. Diferentes vacinas não devem ser combinadas, a não ser que sejam embaladas para serem misturadas subsequentemente. Mas pode-se aplicar mais de uma vacina na mesma ocasião para facilitar o manejo do gado e nunca aplicá-las em partes impróprias ou sujas do corpo do animal, podendo prejudicar sua eficácia. O prazo de carência dos produtos deve ser obedecido, devendo os frascos vazios serem incinerados após sua utilização.

Vias de aplicação

A subcutânea, é a mais indicada para vacinas e vermífugos. O local ideal de aplicação é a região compreendida atrás ou à frente da paleta. De todo o corpo do animal, essa é uma área fácil de ser atingida, possuindo uma pele frouxa e fina, e apresenta maior segurança para o aplicador.

Escolhe-se uma dobra de pele e a agulha é inserida até o fim. Direciona-se a agulha obliquamente de cima para baixo e recomenda-se também dobrar a pele, para impedir o refluxo do produto injetado.

Se for injetado um volume acima de 10 ml para bezerros e 50 ml para bovinos adultos, recomenda-se dividir a dose em diversas porções em locais diferentes. Atentar sempre para os danos que poderão ser causados às peles dos animais, como caroços e calombos, como consequência de aplicações mal realizadas.

Intramuscular

É melhor aplicada em músculos da região glútea (garupa), e no músculo da tábua do pescoço. Na garupa, deve-se evitar as partes próximas à espinha dorsal, pois podem ocorrer lesões no nervo ciático. Vacinas mal aplicadas podem ocasionar perdas de carcaça em partes nobres dos animais.

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Figura 2: Tábua do pescoço, possível local de aplicação da vacina. Fonte: MAPA

Com um golpe rápido e forte, a agulha é inserida a 4 cm ou 5 cm de profundidade do pescoço. Em administrações de medicamentos, também podem-se utilizar os músculos da coxa, nunca se esquecendo que estão sendo manuseadas regiões nobres dos animais.

Antes de aplicar a injeção é prudente recuar um pouco o êmbolo da seringa, para certificar-se de que a ponta da agulha não está em um vaso sanguíneo (essa situação não se aplica utilizando-se seringas automáticas). Se o sangue penetra na seringa, a agulha deve ser retirada e inserida em outra direção ou em outro local escolhido.

A resposta imunológica dos animais às aplicações de vacinas não são imediatas e seus efeitos podem aparecer somente depois de alguns dias. Assim, animais vacinados recentemente ainda podem apresentar a doença, pois já poderiam estar infectados quando vacinados. Os animais sadios e bem nutridos têm melhor resposta imunológica às vacinas do que os doentes ou mal alimentados. Outros fatores, como a mamada do colostro, nas primeiras horas de vida do bezerro, também é de extrema importância para a defesa contra os agentes causadores de doenças, pois lhe confere os anticorpos colostrais, além de vitaminas e minerais.

Fontes consultadas

EMBRAPA. Vacine corretamente e garanta a saúde do seu rebanho. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2014.
MAPA. Campanha de Vacinação contra Febre Aftosa 2013. Disponível em: . Acesso em: 15 jan. 2014.
OIE. Organização Mundial da Saúde Animal. Disponível em: < http://www.oie.int/>. Acesso em: 15 jan. 2014.

21 de Janeiro de 2014
Elaborado por
Casa do Produtor Rural
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP

Rodrigo Pereira Diniz Junqueira
Graduando em Engenharia Agronômica
Estagiário – Casa do Produtor Rural – ESALQ/USP

Acompanhamento técnico
Fabiana Marchi de Abreu
Engenheira Agrônoma
CREA 5061273747
Casa do Produtor Rural – ESALQ/USP

Coordenação editorial
Marcela Matavelli
Agente de Comunicação
DRT 5421SP
Casa do Produtor Rural – ESALQ/USP

Link acessado em 08/06/2014: http://www.esalq.usp.br/cprural/boaspraticas.php?boa_id=94