16 de dezembro de 2016

Mayara Rosa Gonçalves*

Com clima favorável e abundância territorial e de vegetação, o Brasil é líder em produção de carne no mundo. Porém, a pecuária brasileira enfrenta a sazonalidade de produção das plantas forrageiras e deficiências nutricionais da pastagem, base do sistema de criação. De modo geral, há excesso de produção no período das águas e escassez na seca. Assim, a aplicação de tecnologias que otimizem o desempenho animal é fundamental para a conquista do mercado de forma sustentável e competitiva. Uma das formas de se complementar o eventual déficit de proteína e energia que as pastagens apresentam durante o ano é por intermédio da suplementação. (CARLOTO, 2008).

Nas últimas décadas a suplementação protéica passou a ser usada pelos produtores, esta se baseia no fornecimento, além de minerais, de fontes de proteína ou nitrogênio não protéico, necessárias para a correção de deficiências, principalmente na época da seca, período onde a disponibilidade da proteína presente na pastagem está abaixo do teor mínimo exigido para o bom funcionamento ruminal. Segundo Correia (2006), o resultado da suplementação protéica no período da seca, aumenta a ingestão de forragem pelos animais em pastejo, levanto o animal manter seu peso vivo ou até obter ganhos moderados no peso (200g a 400g/dia), desde que a oferta de massa seca não seja limitante.

O objetivo da suplementação de vacas de cria na estação secas é melhorar o desempenho animal, melhorando a utilização da pastagem disponível, aumentando a taxa de natalidade de vacas de cria e a taxa de concepção das primíparas. Para animais de recria é melhorar o desempenho, a fim de reduzir a idade de abate, e/ou a idade de primeira cria, e/ou reduzir taxas de perda de peso vivo, e para animais de engorda, garantir o peso ao abate e o acabamento até o final da seca (THIAGO & SILVA, 2000).

Porém, o fornecimento do proteinado não é suficiente se não houver equilíbrio na população de bactérias benéficas ao sistema digestivo. O uso do probiótico misturado ao proteinado mantém constante a população bacteriana, aumentando a absorção dos nutrientes, levando ao aumento da digestibilidade das fibras presentes na forragem e otimizando o desempenho, o que previne as interferências da sazonalidade na produção, favorecendo a digestão dos animais e aumentando a síntese de proteínas e vitaminas, com isso aumentando a produtividade.

Já período das águas, a disponibilidade de nitrogênio para as bactérias ruminais normalmente não seria o fator limitante, que justifique a suplementação protéica no período das águas, e sim a energia seria a prioridade da suplementação, já que forragens não são boas fontes de energia. Dessa forma, o fornecimento de suplementos energéticos poderia melhorar a utilização das pastagens, desde que sejam tomados cuidados para manter um balanço energético/protéico no rúmen, minimizando a utilização de proteína como fonte de energia. Patino et al. (2001), observaram média de ganho diário de 0,54g/cabeça em animais suplementados no período das águas. O objetivo da suplementação nesta fase deve ser o de melhorar o desempenho animal pelo suprimento adicional de nutrientes, reduzindo a idade de abate e/ou a idade de primeira cria, maximizando a utilização do pasto. E para vacas de cria apenas a pastagem cultivada é suficiente para proporcionar elevadas taxas de natalidade, desde que bem manejada e suplementada com uma mistura mineral adequadamente balanceada para esta fase (THIAGO & SILVA, 2000).
Durante o período chuvoso, o potencial genético do animal não é totalmente explorado apenas com a alimentação a pasto, a suplemetação energética aliada ao fornecimento de probióticos melhora o crescimento e a eficiência na utilização dos alimentos pelos bovinos.

Lembrando que quando os animais têm forragem à vontade e recebem quantidade limitada de concentrado, deve-se considerar que a suplementação alimentar pode produzir dois efeitos: aditivo e substitutivo. O efeito aditivo causa maior ganho por animal, pois este consome tanto a forragem como o suplemento; e o efeito substitutivo causa um maior ganho por área, pois, como a forragem é substituída pelo concentrado, pode-se aumentar a lotação da área. Nos dois casos, o produtor sai lucrando, pois está ganhando mais do que ganharia naquela área sem a suplementação (CONEGLIAN, 2010).

Referências Bibliográficas

CARLOTO; M.N. Suplementação de bovinos na estação da seca. Revisão de literatura apresentada como parte das exigências da disciplina Seminário I do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal. UFMS, Campo Grande, 2008.

CONEGLIAN; S. Suplementação de verão – Desperdício ou benefício? Disponível em: < HYPERLINK “http://www.nftalliance.com.br/suplementacao-de-verao/” http://www.nftalliance.com.br/suplementacao-de-verao/> Acesso em set 2011.

CORREIA; P.S. Estratégias de suplemetação de bovinos de corte em pastagens durante o período das águas. Tese de Doutorado (Ciência Animal e Pastagem – ESALQ). USP, Piracicaba, 2006.

THIAGO, L. R.; SILVA, J. M. Suplementação de bovinos em pastejo. Campo Grande: Embrapa, 2000

* Zootecnista
Biosan Biotecnologia em Saúde Animal