16 de dezembro de 2016

Mayara Rosa Gonçalves

 

Nas indústrias de rações, nos últimos 50 anos os antibióticos têm sido usados na produção animal, como agentes promotores do crescimento, e terapêuticos, no tratamento de infecções bacterianas do trato gastrintestinal. A utilização dos antibióticos com o objetivo de melhorar o ganho de peso e conversão alimentar ocorreu inicialmente de forma discreta, evoluindo posteriormente pra o amplo uso generalizado na indústria de alimentação animal.

O uso de antibióticos como moduladores de microorganismos no trato gastrintestinal ocorreu inicialmente em doses baixas, com resultados significativos sobre parâmetros produtivos e, posteriormente, com uso continuado, houve a necessidade de doses crescentes até axaurir-se o medicamento com poucos efeitos significativos. Este fato determinou o aparecimento de microorganismos resistentes à diferentes medicamentos utilizados com o intuito de promover o crescimento e a produção animal (LANCINI, 1994).

Apesar de não ser clara a associação entre o uso de antibióticos nas unidades de produção animal, o desenvolvimento de resistência e a sua transferência à população humana, vários estudos epidemiológicos sugerem que o consumo de derivados animais seja uma possível via de transmissão de bactérias resistentes. Essas evidências levaram as organizações internacionais ligadas à saúde humana e animal a recomendar prudência no uso desses compostos (CASADEI, [2012]?).

Os probióticos e prebióticos são uma alternativa para eliminar o uso de antibióticos como promotores de crescimento. A melhor definição para probióticos seria “suplementos alimentares microbianos vivos, capazes de afetar beneficamente o hospedeiro, melhorando o equilíbrio da sua microflora intestinal” (FULLER, 1989). Os prebióticos, quando incluidos na dieta, dificultam a adesão bacteriana, reduzindo a concentração de patógenos. Estes produtos também mantém a integridade da mucosa intestinal. Isto resulta em efeitos positivos sobre o desempenho dos animais (SAVAGE et al., 1996).

Do ponto de vista teórico, o resultado do uso de simbiótico é decorrente da somatória das ações conferidas pelo probiótico e o prebiótico, atestado pelo melhor desempenho obtido (MAIORKA et al., 2001).

A Portaria n° 193 de 1998 considera a importância do uso adequado dos agentes antimicrobianos em medicina veterinária, no tratamento e na prevenção de doenças, visando à segurança para a saúde pública (SANTANA et al., 2011). Os antimicrobianos utilizados em terapêutica devem ser evitados na indicação de aditivos alimentares, promotores de crescimento ou como conservantes de alimentos para animais (BRASIL, 1998). Ressalta-se que o grande crescimento do mercado exportador nos últimos anos mostra que as empresas já se adaptaram e estão começando a proibir os antibióticos promotores de crescimento (FERNANDES, 2007).

Em janeiro de 2006, o uso de antibióticos como promotores de crescimento na alimentação dos animais foi banido pela União Européia. Esta proibição tem restringido a importação dos produtos originados destes animais. Acrescenta-se ainda, o fato de que este bloco comercial é formador de opinião, influenciando importantes importadores como os blocos asiáticos e Oriente Médio. Pelo exposto, o Brasil tem buscado se adaptar às exigências internacionais de exportação e atender às legislações vigentes (SANTANA et al., 2011). Tal preocupação se deve ao uso destes antibióticos na produção de leite, carne e ovos para a alimentação do homem e na possibilidade de induzir resistência antimicrobiana, selecionando bactérias resistentes, o que resulta em grandes preocupações à saúde pública. Principalmente em crianças, que são os maiores consumidores de leite e ainda estão desenvolvendo seu sistema imunológico.

Segundo Rigolin (2005), se forem considerados apenas os riscos para a saúde humana, são pequenas as vantagens do uso de antibióticos promotores de crescimento. Os produtores não perdem nada em seu banimento.

Referências de literatura

BRASIL. Portaria n.º 193 de 12 de maio de 1998. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Regulamento Técnico Para Licenciamento e Renovação de Licença de Antimicrobianos de Uso Veterinário, 1998.

CASADEI, R.M. Uso racional de antimicrobianos na produção animal. [2012]?. Disponível em: < HYPERLINK “http://pt.scribd.com/doc/51988734/Uso-racional-de-antimicrobianos-na-nutricao-animal” http://pt.scribd.com/doc/51988734/Uso-racional-de-antimicrobianos-na-nutricao-animal>. Acesso jan 2012.

FERNANDES, P.C.C., MALAGUIDO, A. Complexos enzimáticos – Novos avanços na produção animal. Porkworld, n.14, p.38-43, 2003.

FULLER R., Probiotics in man and animals. Journal of Applied Bacteriology, v. 66, p.365-378, 1989.

LANCINI, J.B. Fatores exógenos na função gastrintestinal. Aditivos. In: FUNDAÇÃO APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Fisiologia da digestão e absorção das aves. 1994. Campinas: Facta. 1994, p. 99-126.

MAIORKA, A., SANTIN, E., SUGETA, S. M., ALMEIDA, J.G., MACARI, M. Utilização de prebióticos, probióticos e simbióticos em dietas para frangos. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v. 3, n. 2, p. 75-82, 2001.

RIGOLIN, P.J. Carne para exportação não pode ter antibiótico. 2005. Disponível em: <  HYPERLINK “http://www.parana-online.com.br/editoria/economia/news/109056/?noticia=CARNE+PARA+EXPORTACAO+NAO+PODE+TER+ANTIBIOTICO” http://www.parana-online.com.br/editoria/economia/news/109056/?noticia=CARNE+PARA+EXPORTACAO+NAO+PODE+TER+ANTIBIOTICO> Acesso jan de 2012.

SANTANA, E.S. et al. Uso de antibióticos e quimioterápicos na avicultura. UFG. Goias, 2011. Disponível em: <  HYPERLINK “http://www.conhecer.org.br/enciclop/2011a/agrarias/uso%20de%20antibioticos.pdf” http://www.conhecer.org.br/enciclop/2011a/agrarias/uso%20de%20antibioticos.pdf> Acesso em jan 2012.

SAVAGE, T.F., COTTER P.F., ZAKRZEWSKA, E.I. The effect of feeding a mannanoligossacharide on immunoglobulins, plasma Ig G and bile Ig A of Wrolstad MW male turkeys. Poultry Science, v. 75, Suppl. 1, p. 43-145, 1996.